Governo federal declarou neste sábado (21) Emergência em Saúde Pública para frear crise humanitária que já vitimou centenas de idosos e crianças na TI Yanomami

O problema já ocorre há anos na Terra Indígena Yanomami, entre Roraima e o Amazonas, desde que a invasão por garimpeiros começou a espalhar doenças e violência e a limitar o acesso do Povo Originário a direitos básicos de alimentação e saúde. Porém, a divulgação, na sexta-feira (20), de fotos de mulheres e crianças em pele e osso, mal conseguindo se sustentar nas próprias pernas, causou uma comoção nas redes sociais. As fotografias publicadas pelo website de jornalismo  Sumaúma estavam acompanhadas do título “Não estamos conseguindo contar os corpos”, referindo-se ao desabafo de um dos membros da equipe de saúde que estava incumbida de fazer um levantamento da situação na TI.

A estimativa, de acordo com a reportagem, é de que 570 crianças do Povo Yanomami, todas com menos de 5 anos, morreram por desnutrição, contaminação por mercúrio e “mortes evitáveis” nos últimos quatro anos, quando o garimpo ilegal se intensificou na região. Segundo o g1, foram 99, só em 2022. De acordo com a Folha, um terço das mortes evitáveis ocorridas no ano passado foram em decorrência de pneumonia.

O presidente Lula, acompanhado da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, visitou a região neste sábado (21), para ver de perto a tragédia humanitária, que classificou de desumana, como mostrou O Globo. O Ministério da Saúde, em edição extraordinária do Diário Oficial da União, decretou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional “para combate à desassistência sanitária dos Povos que vivem no território indígena Yanomami”, segundo Andréia Verdélio, da Agência Brasil.

De acordo com o InfoAmazonia, “mais de 30 mil Yanomamis vivem no território que nos últimos anos sofreu uma nova onda de invasão de garimpeiros”. Ainda de acordo com o portal de notícias, a estimativa da Hutukara Associação Yanomami, a terra indígena foi invadida por 20 mil garimpeiros entre 2019 e 2022.

O Metrópoles destacou algumas das falas do presidente Lula: “O abandono dos Povos Yanomamis pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é ‘um crime premeditado’ e ‘um genocídio'””.

Em tempo: O cerco ao crime ambiental organizado que se espalhou pela Amazônia nos últimos anos terá agora de ser combatido com veemência pela nova gestão. Em matéria exclusiva da Reuters republicada em português pelo g1, o repórter Jake Spring mostrou que as primeiras operações para conter a investida de madeireiros contra a Amazônia foram lançadas na semana passada no Pará, em Roraima e no Acre. Como destacou o g1, o ministro da Justiça, Flavio Dino, havia prorrogado, no último dia 12 de janeiro, o uso da Força Nacional de Segurança Pública na Amazônia inteira, o que permitirá que seus agentes atuem na fiscalização ambiental e também no combate a incêndios florestais até meados de julho deste ano. Espera-se que as operações anunciadas na semana passada sejam as primeiras de muitas, para que impunidade e novas tragédias anunciadas cessem diante dos cenários de destruição florestal e mortes que se agravaram no território amazônico.


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