Na primeira semana do atual mandato, o desafio é lidar com os números recordes do desmatamento na Amazônia – e com a complexidade de crimes na região
O ano virou. O governo Lula entrou em ação e muita coisa já ocorreu desde a posse no primeiro dia do ano. Os Três Poderes foram alvos de atos terroristas e golpistas neste domingo (8/1) e, na área ambiental, os números do ano passado mostram que a pasta agora dirigida pela ministra Marina Silva terá muito trabalho pela frente.
Os dados do sistema DETER-B, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), divulgados na 6ª feira (6/1) mostram que o desmatamento em dezembro de 2022 registrou uma alta de 150% em relação ao mesmo período do ano passado.
No acumulado de agosto a dezembro, como registra o Poder 360, houve uma alta de 54% em relação aos mesmos meses de 2021. Os 4.793 quilômetros quadrados desmatados aparecem no topo do ranking do período, de acordo com a série histórica que começou em 2016.
“Os alertas de destruição da Amazônia bateram recordes históricos nos últimos meses, deixando para o governo Lula um “desmatamento contratado”, que vai influenciar negativamente os números de 2023. O governo Bolsonaro acabou, mas sua herança ambiental nefasta ainda será sentida por um bom tempo”, destaca Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima, em reportagem publicada pelo portal Metrópoles.
Se os dados anuais divulgados mais recentemente tinham mostrado uma certa estabilidade na destruição florestal, apesar de seus patamares elevados, os números do fim do ano mostram que as motosserras ganharam ainda mais força. O enfrentamento do problema amazônico, como bem sabe o próprio presidente Lula, passa pelo enfrentamento dos vários crimes que ocorrem de forma simultânea na região.
Na sua primeira reunião ministerial nesta 6a feira (6/1), Lula anunciou que a lei será cumprida contra aqueles que quiserem teimar em continuar desmatando e desrespeitando a lei, “invadindo o que não pode ser invadido e usando o agrotóxico que não pode ser usado”, como registrou a Veja. “Neste país tudo vale. A única coisa que não vale é o bandido achar que pode desrespeitar a boa vontade da população brasileira, a nossa Constituição e a nossa legislação”, disse Lula.
O contexto sobre o embate amazônico apresentado pelo colunista do Estadão, João Gabriel de Lima, está na direção certa. Como ressalta o jornalista, nos discursos proferidos em suas posses, Marina Silva, Geraldo Alckmin, Sonia Guajajara e Simone Tebet fizeram abordagens humanas e econômicas sobre a floresta. O que mostra, por si só, a complexidade do tema. Do lado criminal, a longa lista de problemas quase sempre começa pela grilagem.
“O desafio da Amazônia é imenso e urgente. O novo governo será julgado, em grande medida, por sua capacidade de enfrentá-lo. Vale escalar uma força-tarefa de ministros. Todos sabem para onde caminha a economia do futuro, e o Brasil não pode ficar preso aos fracassos do passado – remoto e recente”, escreve o colunista do Estado de S.Paulo.
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