Projeto é realizado em fazendas sobrepostas a Reservas Extrativistas federais, revela agência Pública

A denúncia desta reportagem da Agência Pública revela como a governança e a transparência dos projetos de carbono são essenciais. Eles não podem perder de vista o objetivo de tirar carbono da atmosfera e remunerar corretamente quem está fazendo a remoção.

O que tudo indica não é o caso de um projeto de comercialização de créditos de carbono em curso na Ilha do Marajó. Conforme mostra a investigação, a empresa Ecomapuá Conservação comercializa créditos de carbono gerados no interior de duas Unidades de Conservação federais sem repassar diretamente dinheiro às Comunidades Tradicionais que vivem no território e ainda preservam a Floresta Amazônica.

A empresa, até dezembro de 2021, alegava não ter sido indenizada pela desapropriação das terras, no momento da criação da Reserva. Por outro lado, as Comunidades Tradicionais, sem receber nada e nem terem acesso aos valores pactuados, também acionaram a Justiça. A Ecomapuá defendia a tese de que os decretos de criação da RESEX haviam perdido validade e, por isso, tinha domínio sobre as fazendas. Mas, em fevereiro deste ano, certidões emitidas pelo Cartório da Ilha indicam que as matrículas dos cinco imóveis estão canceladas. Portanto, a RESEX existe de fato e de direito.

Os créditos de carbono do projeto foram vendidos para grandes corporações, como Santander, Barella, Air France e Deloitte. Todos deram os seus pontos de vista na reportagem. O projeto tinha certificação independente, mas a questão fundiária não havia sido colocada em xeque até a investigação da Pública.


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