Áreas preservadas no interior do Acre podem ser cortadas por estrada que ligaria o Brasil ao Peru
Como mostra uma ampla reportagem do InfoAmazonia, o projeto de construção de uma estrada na região da Serra do Divisor, no interior do Acre, é mais uma história que escancara como a questão da construção de novas infraestruturas na Amazônia é mal resolvida. Se a obra, que tramita a passos largos, até tem uma justificativa logística, os impactos socioambientais que ela poderá causar inviabilizariam o projeto, desde que fossem bem pesados.
Primeiro, é uma zona de 840 mil hectares ocupada por Povos Tradicionais e que abriga uma rica e rara biodiversidade. Os moradores, que dizem nem ter sido informados do projeto, temem que a construção traga tráfico de drogas e outros transtornos para a região.
Os indígenas da Terra Indígena Poyanawa também estão em alerta com os impactos da rodovia. A demarcação da área, em 2000, mudou completamente a vida na região. Antes havia pastagens e muitos seringais. Hoje, apenas 6% da área, onde vivem 600 indígenas, está desmatada.
Além da estrada, especialistas também debatem um projeto de lei em curso no Senado que muda o status do parque da Serra do Divisor de Unidade de Conservação Integral para área de proteção ambiental. Isto abriria a possibilidade da exploração de recursos naturais da região.
Para Miguel Scarcello, da ONG acreana SOS Amazônia, o que está por trás da estrada e do projeto de lei é a especulação imobiliária e a expansão da pecuária dentro da Unidade de Conservação. “Não duvido que, quando a estrada chegar até as comunidades que vivem nas margens do parque, aqueles produtores vão perder suas propriedades”.
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