Desmatamento amazônico cresce e muda de perfil em dois anos

A explosão da grilagem na Amazônia entre 2019 e 2021 está por trás de um novo perfil de desmatamento na região. Mais da metade da destruição florestal ocorreu em Terra Pública, revela um estudo do projeto Amazônia 2030. Unidades de Conservação, Terras Indígenas e especialmente as chamadas Florestas Públicas Não Destinadas – áreas que cobrem atualmente cerca de 56,5 milhões de hectares, mais de duas vezes o tamanho do estado de São Paulo – foram as mais atingidas.

“É urgente, portanto, que a grilagem em larga escala, que atinge as florestas em Terras Públicas, seja interrompida imediatamente”, ressalta Paulo Moutinho, pesquisador do IPAM e principal autor do trabalho. “O governo precisa destinar essas áreas como medida para baixar rapidamente as taxas de desmatamento na região”, completa o pesquisador.

A validação do CAR (Cadastro Ambiental Rural), que continua sendo um gargalo em Brasília, também poderia ajudar no combate ao desmatamento florestal, indica a pesquisa. Mais da metade do desmatamento até 2020 ocorrida em áreas de floresta pública não destinadas foi feita em áreas registradas no CAR. São aproximadamente 16 milhões de hectares, dos 56,5 milhões existentes. Pelo menos 45% desses registros têm mais do que 15 módulos fiscais, o que é um forte indicativo de que eles estão relacionados à grilagem de terras. “É urgente que os estados cancelem ou inativem esses CARs declarados sobre Terra Pública, o que é algo, em boa medida, simples do ponto de vista normativo”, sugere Paulo Moutinho.


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