Maior cidade do Brasil aniversaria hoje ainda convivendo com a Mata Atlântica e espécies ameaçadas
Como define o ornitólogo Luís Fábio Silveira, pesquisador do Museu de Zoologia da USP, em entrevista à Folha, “a cidade de São Paulo tem, de fato, uma diversidade assombrosa de aves”.
Na data em que completa 468 anos, e apesar de ser considerada uma selva de pedra onde o asfalto e o concreto contribuem para o aumento médio da temperatura e, também, da incidência de grandes tempestades – os efeitos das mudanças climáticas podem ser mais nocivos neste contexto – São Paulo ainda tem muita Mata Atlântica para chamar de sua.
É verdade que de forma desigual. Regiões como a Serra da Cantareira, ao norte do município, ou Parelheiros, no extremo sul, abrigam muito dos 735,99 quilômetros quadrados de área verde da cidade, o que corresponde a 48,2% do total ocupado pela megalópole.
Em outras partes da capital paulista, em áreas como Trianon, na avenida Paulista, verdadeiros oásis verdes ainda servem de refúgios para espécies tanto ameaçadas quanto endêmicas. Foi naquele parque que, em 2013, os cientistas identificaram uma espécie de rã que só ocorre na Mata Atlântica.
Apesar da resiliência da área verde e dos animais, a pressão continua enorme, avaliam os cientistas, e a cidade vem perdendo áreas de mata nas últimas duas décadas, apesar do discurso a favor do meio ambiente crescer.
O que indica muitas incertezas para o futuro. “Sem dúvida, o grande problema hoje é a especulação imobiliária na cidade, não só do ponto de vista legal, mas também da grilagem e da invasão ilegal de terras, e os animais são sensíveis a isso”, afirma Silveira.
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