Especialistas desenvolvem ChatBot para interação em tempo real, e PF e UFAM ampliam banco de dados de árvores para frear extração ilegal de madeira

Todo esforço é bem-vindo para que o Brasil atinja a desafiadora – mas possível – meta de zerar o desmatamento da Amazônia até 2030. O retorno e a intensificação das ações de fiscalização e combate às ações criminosas na Floresta Amazônica já trouxeram resultados, como a queda de 50% da devastação no ano passado em relação a 2022. Mas, além de aprimorar as ferramentas já usadas no combate ao desmate, é preciso agregar inovações a essa tarefa.

Duas iniciativas estão sendo desenvolvidas para reforçar a luta contra o desmatamento amazônico. Uma é um ChatBot, elaborado pela Superintendência Estadual de Tecnologia da Informação e Comunicação (SETIC) de Rondônia e pelo Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM). A outra é um banco de dados de árvores da Floresta Amazônica, alimentado pela Polícia Federal e pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

O ChatBot da SETIC e do CENSIPAM é uma ferramenta de inteligência artificial (IA) que vai  interagir com usuários em tempo real. A expectativa, explica o g1, é que a nova funcionalidade forneça informações em tempo real de áreas que estão sendo queimadas, principalmente no período de estiagem. Com esses dados on time, a expectativa é agilizar a resposta das autoridades à devastação.

Segundo informações do CENSIPAM, a integração de dados provenientes do Painel do Fogo permitirá uma análise mais precisa e rápida das áreas queimadas, tanto em Rondônia quanto em outros estados da Amazônia. E isso vai possibilitar uma resposta imediata para mitigar os impactos ambientais e sociais causados ​​por incêndios florestais.

Já o banco de dados de árvores da PF e da UFAM reúne informações das espécies mais comercializadas no mercado madeireiro. Mais de 1.000 amostras já foram coletadas de espécies como Maçaranduba, Angelim Vermelho e Cupiúba, tipos mais utilizados na construção civil e polo moveleiro, detalha o Jornal Nacional.

Em cada área visitada ao menos dez árvores passam pelo processo. Cada amostra – pequenos pedaços de madeira – permite criar a assinatura isotópica da árvore, uma espécie de CEP, o seu endereço nativo. Com isso será possível saber se uma árvore foi derrubada em área licenciada para manejo florestal ou ilegalmente em área nativa. 

Para determinar a assinatura isotópica, o material coletado passa por um processo de secagem, depois é moído e queimado a mais de 1.000oC. Os gases emitidos pela queima da madeira revelam informações sobre a origem da árvore.

“O grande problema é que, com documentos de origem florestal em mãos, um madeireiro que queira trabalhar de forma ilegal pode retirar [madeira] de qualquer área, uma área de proteção, uma Terra Indígena, colocar sobre o caminhão e, com esse documento, teve a madeira de certa forma legalizada. Então, o trabalho que a gente está desenvolvendo é exatamente para confirmar se essa madeira realmente veio daquela origem declarada”, explica o perito criminal Haroldo Oliveira.


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