Com dois meses de atraso, chuvas em dezembro amenizaram estiagem extrema de 2023, mas ainda é incerto se evento foi pontual ou sinal do “novo anormal” climático

A Amazônia viveu no ano passado uma seca extrema e histórica. Resultado da soma de um El Niño potente e de um aquecimento incomum das águas do Oceano Atlântico provocado pelas mudanças climáticas, a estiagem fez vários rios da região atingirem vazões mínimas sem precedentes. Em dezembro, com dois meses de atraso, as chuvas deram um alívio. Mas terá sido suficiente? Ou a maior floresta tropical do mundo e seus habitantes terão de se adaptar a um “novo anormal” climático permanente? São as perguntas de 1 milhão de dólares, cujas respostas ainda são incertas.

Com as precipitações retornando à região de forma mais volumosa no mês passado, os rios amazônicos começaram o seu processo de enchente e seus níveis foram gradualmente se elevando. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), já no final de dezembro algumas estações hidrológicas já registravam níveis próximos da faixa de normalidade para o período, informa o Meteored.

Já neste mês, os boletins do SGB indicam que a maioria das estações monitoradas na bacia do Amazonas continuam em processo de enchente. Muitos rios vêm registrando elevações diárias da ordem de 10 cm, como o rio Solimões e também o rio Negro, em Manaus, que registrava um nível de 20,32 metros em 15 de janeiro. Vale lembrar que no final de outubro do ano passado a cota do Negro ficou abaixo dos 13 metros pela primeira vez em 121 anos de medição.

Mas nem tudo são flores. Na 8ª Reunião da Sala de Crise da Região Norte, da Agência Nacional das Águas e Saneamento Básico (ANA), especialistas também alertaram que algumas regiões ainda precisam de atenção, pois estão em situação crítica devido aos baixos níveis dos rios. São os casos do rio Madeira, em Rondônia, e principalmente do rio Branco, em Roraima, que continua em vazante. Já o rio Acre registrou uma acentuada elevação de seu nível na capital do estado, rio Branco, chegando a 11,3 metros, próximo da cota de atenção, de 12,5 metros.

E o que esperar nos próximos meses? Segundo o Meteored, com o enfraquecimento do El Niño e das diferenças de temperatura sobre o Atlântico Tropical, as previsões indicam que os próximos meses serão de chuvas dentro da normalidade ou até mesmo acima da média no Norte do Brasil.

Em relação ao Atlântico, as águas continuarão mais aquecidas que o normal nos próximos meses sobre o Atlântico Norte e partes do Atlântico Sul, principalmente na faixa tropical. Isso reduzirá a diferença de temperatura entre o Atlântico Tropical Norte e Sul, diminuindo o impacto de inibição de chuvas na Região Norte e favorecendo as chuvas geradas pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

Diante da expectativa de novos recordes de temperatura no planeta em 2024 e do agravamento de eventos climáticos extremos, resultado da crise climática, só resta esperar.


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