Números do INPE mostram que devastação da vegetação nativa no ano passado foi a menor desde 2018, um bom sinal para a meta de desmatamento zero em 2030
Após quatro anos seguidos nos quais a devastação anual da Floresta Amazônica superou a marca de 8.000 km2, de 2019 a 2022, a retomada das ações de fiscalização e combate ao crime ambiental pelo governo federal em 2023 gerou bons resultados. De acordo com dados do sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmate no bioma amazônico totalizou 5.153 km2 no ano passado. Apesar de ainda ser expressivo – equivale a quase três vezes e meia o tamanho da cidade de São Paulo –, a destruição foi 50% menor que a registrada em 2022, quando atingiu 10.278 km2. Além disso, foi o menor número da série histórica do DETER, iniciada em 2018.
“É resultado do aumento das ações de fiscalização em mais de 150% pelo IBAMA e ICMBio, mais um conjunto importante também de ações estratégicas estruturantes, como o aprimoramento das normas de acesso a crédito rural, restringindo o acesso a crédito de quem desmata ilegalmente”, explicou ao Jornal Nacional André Lima, secretário de controle de desmatamento da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A queda geral do desmatamento na Amazônia também foi acompanhada pela diminuição da destruição em Terras Indígenas e Unidades de Conservação da Região Norte. Como destaca a Agência Brasil, os dados mostram que nas UCs a queda no desmate foi de quase 50%. Nas TIs, a redução foi de quase 70%, ambas em referência ao ano anterior.
O Pará foi o estado que registrou a maior área de vegetação amazônica destruída em 2023, com 1.902 km². Somente a cidade de Altamira, no centro-sul paraense, respondeu por 1.284 km² devastados. Em segundo lugar ficou o Mato Grosso, com 1.408 km² de Floresta Amazônica devastados, detalha a CNN.
Para Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, houve mudança de perspectiva na Amazônia, explica o Estadão. “O governo voltou a fazer embargos remotos, o relatório para cada desmatamento voltou a ser usado, ou seja, o desmatamento é identificado, reportado e esse relatório gera penalizações. O financiamento é cortado pelos bancos se houver desmatamento irregular, e isso fez o desmatamento ter declínio rápido. É uma receita que sabemos que funciona”.
Na avaliação de Azevedo, o desmatamento não voltará a subir na Floresta Amazônica. A não ser, obviamente, que essas estratégias sejam abandonadas.
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