Enquanto governo finaliza programa de segurança de R$ 2 bilhões para a região, continuam as ações criminosas contra Terras Indígenas e a Floresta Amazônica

O Plano Amazônia: Segurança e Soberania (Amas) deve receber investimentos de cerca de R$ 2 bilhões. Anunciado no fim de julho, mas ainda em elaboração, o Plano Amas prevê a instalação de 34 novas bases de segurança na região, bem como a implantação de um centro de comando da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) e de um centro de cooperação internacional para troca de informações e ações com os países vizinhos.

“Temos os desafios de fazer as políticas dos estados atuarem de forma articulada para enfrentar o crime que está cada vez mais organizado. O crime organizado não reconhece fronteiras geopolíticas. A gente enfrenta o crime na Amazônia brasileira e ele espirra para o país ao lado”, disse o secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli, na abertura da 13ª Semana de Segurança Cidadã e Justiça, realizada pelo ministério, em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Governo da Bahia, informa a Agência Brasil.

Cappelli disse que a pasta vai lançar um programa de combate às organizações criminosas e defendeu uma atuação mais articulada das polícias estaduais, relata o Um só planeta. Ele ainda destacou a necessidade de políticas estruturantes para promover o desenvolvimento como o melhor caminho para a prevenção do crime.

Após quatro anos de abandono, a criação de um plano de segurança pública efetivo e eficaz para o combate às atividades criminosas na região amazônica é não apenas necessário, mas urgente. Ainda que o aumento da fiscalização do governo federal venha produzindo efeitos positivos contra o desmatamento e o garimpo ilegal, os criminosos continuam ameaçando a floresta, as comunidades e os Povos Indígenas.

Exemplo disso vem acontecendo com o Povo Juma, cuja terra, localizada em Canutama, no sul do Amazonas, está cercada por pastos, queimadas, desmatamento, grilagem e caça ilegal. A  região, que fica na fronteira do Acre com Rondônia –  conhecida como AMACRO – é foco da expansão do agronegócio e de desmatamentos ilegais, detalha a Amazônia Real.

O Amazonas vem registrando recordes no número de queimadas, e a região onde está a TI Juma é a mais vulnerável a incêndios nessa época de seca. “Está aparecendo queimada, a gente vê queimada, fumaceira. Hoje, ontem, a gente está sentindo cheiro de queimado”, afirmou no início do mês a cacica Borehá Juma.

Os Juma estão muito preocupados com o avanço dos crimes ambientais na região, que, segundo eles, seguem sem policiamento. Por isso, o Povo Indígena ainda não sabe se as invasões e as queimadas já adentraram para os limites de seu território. 

“Tem grileiro, madeireiro e garimpo. Agora está começando a existir fazenda também”, explica a cacica Borehá. “A gente se sente com medo, tem medo sim. Se continuar assim eu sei que o mato vai acabar, vai queimar, com o grileiro, madeireiro em cima da gente. A gente fica com medo de que a terra da gente vai acabar.”


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