Fundo criado e gerido por indígenas no início de 2020 capta e distribui recursos, desburocratizando o financiamento de iniciativas dos Povos Tradicionais
“Nunca o interesse indígena está no primeiro plano de fato como uma preocupação. Com o Podáali, estamos trazendo esse debate.”
A fala é de Valéria Paye, indígena do Povo Tiriyó e Kaxuyana, da Terra Indígena Parque do Tumucumaque, no Pará e no Amapá. Ela é diretora-executiva do Podáali – Fundo Indígena da Amazônia Brasileira.
O fundo foi criado em janeiro de 2020 e se destaca por ser feito por indígenas, para indígenas e com gestão indígena. A iniciativa capta e distribui recursos aos Povos Indígenas da região. Em 2023, já distribuiu R$ 1,6 milhão, para 32 projetos.
Valéria explica que os recursos do fundo vêm da filantropia, com doações de pessoas do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa. A ideia do Podáali é abrir caminhos para que o dinheiro chegue “ao chão das aldeias”, destaca o g1,desburocratizando os processos de financiamento de iniciativas indígenas nos nove estados da Amazônia Legal.
Para alcançar as iniciativas indígenas, o fundo atua em duas frentes: chamadas para apoiar execução de projetos e premiação de iniciativas. Neste ano, 305 projetos participaram da primeira chamada de apoio do Podáali, dos quais 32 foram selecionados e estão em execução, recebendo entre R$ 20 mil e R$ 50 mil cada.
Segundo Valéria, 16 projetos vão ser premiados em dezembro. Todas as iniciativas são do Povo Xavante, em Mato Grosso, conta a diretora-executiva do Podáali. E cada um deles vai ser premiado com R$ 20 mil.
Em seu site, o Podáali se define como “uma conquista do Movimento Indígena Amazônico, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e de seus parceiros na busca pelas proteção e conservação territorial e da biodiversidade das Terras Indígenas da Amazônia”.
O fundo detalha que seu propósito é apoiar planos e projetos de vida dos Povos, comunidades e organizações indígenas, “que reforcem a autodeterminação e protagonismo, valorizem as culturas e modos de vida, fortaleçam a sustentabilidade e promovam a gestão autônoma de territórios e recursos naturais”.
Na língua do povo Baniwa do tronco linguístico Aruak, Podáali significa “doar sem querer receber nada em troca”. A palavra é usada como sinônimo de celebração, reciprocidade e sustentabilidade.
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