Comandado remotamente da Suécia, um robô movido a energia solar atua no Peru no reflorestamento da Floresta Amazônica. Mas os dados sobre desmatamento na Amazônia brasileira e o emocionante resgate das crianças colombianas provam que o conhecimento indígena é essencial para a preservação da floresta e de vidas

“A Amazônia está em perigo, não é segura. É isso que justifica a tecnologia, a ciência e o conhecimento local. Temos que trabalhar juntos para salvar a Amazônia. Estou convencido de que a Amazônia pode ser salva. Absolutamente.”

A fala do diretor de Programas do Instituto de Pesquisas da Amazônia Peruana (IIAP), Dennis del Castillo Torres, reforça que nenhum saber é dispensável quando se trata de recuperar e preservar a maior floresta tropical do planeta. Assim como as inovações tecnológicas podem ser ferramentas poderosas, é crucial agregar a elas a sabedoria e a experiência dos Povos Indígenas  nesse árduo trabalho.

Na região de Madre de Dios, no Peru, próximo à fronteira com o Brasil, a organização Junglekeepers desenvolve um projeto de restauração que utiliza um robô de braço duplo – chamado YuMi – que planta sementes para ajudar na restauração da Amazônia. O equipamento foi fornecido pela suíça ABB Robotics.

O YuMi que opera em território peruano é alimentado por painéis solares e conectado via satélite solar para atualizações remotas de uma base da ABB na Suécia, a 12.000 km de distância, explica a CNN. Segundo a companhia, é o uso mais remoto que já fez desse robô.

Segundo o CEO da Junglekeepers International, Mohsin Kazmi, o robô é capaz de remover o solo e plantar sementes em uma caixa, 16 de cada vez. “Então pegamos essa caixa e a colocamos em nosso viveiro para que germine”, explica ele. Em uma manhã, YuMi pode semear cerca de 600 plantas – o que seria suficiente para uma área equivalente a dois campos de futebol.

Parece pouco, se considerarmos que, segundo o Relatório Anual do Desmatamento (RAD) do MapBiomas, no ano passado a Amazônia teve uma área desmatada equivalente a quase 1.200.000 campos de futebol. Entretanto, é aqui que entram os Povos Originários e seu papel no combate à devastação.

Se a agropecuária vem sendo o principal vetor de desmatamento nos últimos anos, os Povos Indígenas foram os que menos estragos provocaram. Segundo o MapBiomas, o desmatamento em Terras Indígenas representou apenas 1,4% da área total desmatada em todo o Brasil em 2022. No bioma amazônico, o desmate nesses territórios foi de 26.598 hectares, ante quase 1.200.000 hectares em todo o país.

O senso de cuidado e de preservação de seus territórios e o profundo conhecimento sobre a fauna e a flora que suas terras abrigam são, portanto, marcas dos Povos Indígenas. Esse saber ancestral é capaz de salvar a Floresta Amazônica e garantir a sobrevivência de quem vive nela e dela. Mesmo em momentos difíceis.

Foi o que mostrou o emocionante resgate no início desta semana de quatro crianças indígenas colombianas. Lesly, de 13 anos, Soleiny, de 9,Tien Noriel, de 5, e Cristin, de 1 ano, passaram 40 dias perdidas na mata, após a queda do avião onde estavam com sua mãe, que morreu no acidente. Sem adultos por perto, os irmãos contaram apenas com os conhecimentos tradicionais dos indígenas Uitotos para sobreviverem, destaca O Globo.


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