A destruição da Floresta Amazônica pode fazer do Brasil o epicentro de uma nova pandemia, temem cientistas. Minimizar esse risco inclui um plano sistemático e abrangente para preservar e recuperar a cobertura vegetal, como propõe a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. E a ONU confirma: a Amazônia ficará mais seca

Em um período de apenas seis meses, 1,2 bilhão de pessoas em todo o planeta podem ser infectadas por um vírus ainda não conhecido que habita a Amazônia e que pode “fugir” da floresta por causa de sua devastação. O patógeno seria mais contagioso que o Sars-Cov-2, causador da COVID-19, que se tornou uma pandemia em março de 2020 e contaminou cerca de 10,5 milhões de pessoas em um semestre.

Os números são de uma simulação feita pela Reuters. A agência de notícias examinou as condições ambientais de cerca de 95 locais no mundo onde vírus de morcegos infectaram humanos entre 2002 e 2020. A escolha não foi aleatória: alguns dos vírus que mais contagiaram humanos no século passado surgiram desses animais. Por seu grande número e diversidade, os morcegos são um reservatório significativo de patógenos que podem adoecer as pessoas, diz a Folha.

O Brasil é o terceiro país do mundo no ranking do número de espécies de morcegos, segundo números oficiais. Isso não seria problema, se os seres humanos respeitassem os limites dos biomas. Mas, à medida que o desmatamento aumenta, sobretudo na Floresta Amazônica, a chance de o país ser o epicentro de um vírus desconhecido cresce de forma significativa.

A Reuters diz que o Brasil tem mais áreas de alto risco do que qualquer outro país. São 1,5 milhão de km2 de terra com condições privilegiadas para transbordamento zoonótico – como são conhecidas as transições de vírus de animais para humanos, destaca a CNN.

“O potencial para novos vírus é enorme. As pessoas estão apostando que a próxima pandemia virá do Brasil”, disse Erika Hingst-Zaher, zoóloga do Instituto Butantan, centro de pesquisa em São Paulo, e membro da Previr, rede nacional de cientistas que documentam patógenos transmitidos por morcegos e outros animais.

É fundamental ampliar os investimentos em pesquisa para que se descubra as espécies de morcegos ainda desconhecidas na Amazônia e também novos patógenos que podem viver nesses animais. Mas também é crucial estancar o desmatamento da floresta, já que é desmatando que humanos entram em contato com a fauna amazônica e podem se contaminar com vírus desconhecidos. Sem falar no impacto da devastação no clima do planeta.

Por isso, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, pediu na terça-feira (16/5) a união dos países amazônicos para evitar que a floresta chegue ao ponto de não-retorno. Marina disse que um esforço do tamanho do Plano Marshall – criado pelos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial para reconstruir a Europa – é necessário para salvar a Floresta Amazônica e a riqueza incalculável de sua biodiversidade, informa o UOL.

A Amazônia precisa mesmo de muita ajuda. Mas os efeitos perversos de seu desmatamento e das emissões atmosféricas provocadas pelos seres humanos já são inevitáveis.

Em relatório divulgado na quarta-feira (17/5), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que o planeta vai registrar temperaturas altas inéditas nos próximos cinco anos, com profundo impacto em diversas regiões do mundo, destaca Jamil Chade no UOL. E, com mudanças climáticas e El Niño, a previsão é de queda do regime de chuvas na região amazônica, o que deve afetar a agricultura brasileira.


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