Concentração dos empreendimentos no Pará e no Amazonas, poucos negócios na fase de tração e escala, e prevalência de negócios socioambientais com lógica social caracterizam o atual cenário da bioeconomia na região amazônica, diz pesquisa
A precariedade do ecossistema de negócios socioambientais e vazios institucionais na maior parte dos estados da Amazônia Legal são obstáculos para o desenvolvimento da bioeconomia na região. Para romper estas barreiras, é preciso fortalecer os negócios territoriais, bem como multiplicar o número de aceleradoras que possam estimular a implantação de empreendimentos socioambientais em todo o ambiente amazônico.
O diagnóstico é da professora da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da USP, Graziella Maria Comini, que fez um estudo sobre empreendimentos socioambientais na Amazônia. A pesquisa, publicada na revista GV-Executivo, traz os primeiros resultados de um mapeamento realizado na área para identificar ações necessárias para consolidar negócios sociais e ambientais na Região Norte.
De modo geral, Comini verificou a concentração de empreendimentos no Pará (33%) e no Amazonas (24%); a existência de poucos negócios na fase de tração e escala; e a prevalência de negócios socioambientais com lógica social, com mecanismos institucionais de participação coletiva.
Além de concentrarem os negócios, Pará e Amazonas também abrigam empreendimentos mais maduros, em fases de desenvolvimento do negócio e em escala. Nos demais estados estudados – Maranhão, Mato Grosso, Tocantins, Amapá, Roraima, Rondônia e Acre –, os negócios socioambientais estão predominantemente em estágio inicial de desenvolvimento, nas fases de ideação e protótipo.
O estudo destaca a importância de implantar empreendimentos “capazes de enfrentar o cenário de desmatamento e pobreza na região amazônica, com manejo sustentável dos recursos naturais e inclusão de comunidades tradicionais e valorização da cultura local”. Também recomenda a mobilização de diversos atores no fortalecimento dessas ações.
“Os negócios socioambientais têm papel importante na superação dos problemas sociais, econômicos, tecnológicos e ambientais na região amazônica. No entanto, para se transformarem em agentes indutores do desenvolvimento sustentável, é necessário que se fortaleçam, respeitando os diferentes formatos jurídicos existentes, empresas, associações ou cooperativas”, disse a pesquisadora ao Portal FGV.
Uma colaboração nesse sentido virá do Laboratório de Biossoluções e Bioplásticos da Amazônia (Laba), da Universidade Federal do Pará (UFPA). O espaço recém-inaugurado pretende desenvolver alternativas sustentáveis e eficazes, no ramo da ciência dos biomateriais, para o uso dos recursos naturais da Amazônia, com foco na conservação ambiental e no desenvolvimento econômico e social, detalha a Agência Pará.Não há dúvidas de que a bioeconomia é a chave não apenas para a preservação da Floresta Amazônica, mas também para o desenvolvimento econômico e social da região. Estima-se que, se o Brasil zerar o desmatamento, poderá agregar até US$ 100 bilhões anuais ao Produto Interno Bruto (PIB) com atividades agroflorestais. E o investimento na preservação florestal é relativamente baixo: cerca de US$ 10 bilhões, no desenvolvimento de uma economia sustentável baseada na floresta.
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