Em outra linha de frente, ações do IBAMA e da ANP visam cortar linhas de abastecimento para os voos nos garimpos ilegais

Apesar de negacionistas tentarem distorcer a realidade trágica do Povo Yanomami, os fatos se sobrepõem a qualquer narrativa. Como registra o jornal A Crítica de Manaus, mais de 5 mil atendimentos médicos ao Povo Indígena amazônico foram feitos desde o início da Emergência Pública decretada pelo governo federal há um mês.

Vários pontos de acolhimento estão recebendo os indígenas na própria Terra Indígena Yanomami e em unidades de saúde localizadas em Boa Vista: o Hospital Geral, o Hospital da Criança e um hospital de campanha montado para atender à emergência humanitária. A Casa de Saúde Indígena Yanomami, centro de acolhimento para receber os indígenas durante tratamento médico em Boa Vista, também está recebendo muitas pessoas doentes.

De acordo com o ministério da Saúde, entre os problemas de saúde enfrentados pelos Yanomami estão casos de malária, diarreia aguda, pneumonia, tuberculose e desnutrição, muitos dos casos envolvendo crianças. Nas últimas semanas 19 crianças foram atendidas com casos graves de desnutrição. Destas, 15 já se encontram em melhores condições físicas.

No objetivo de conseguir liberar as Terras Indígenas do garimpo ilegal, e de todas as mazelas que isso gera, o governo federal continua agindo na frente de fiscalizações e ações de polícia. A presidenta da FUNAI, Joenia Wapichana, desde o começo do ano vem dizendo que essa é uma de suas grandes tarefas, como registrou reportagem do Mongabay.

Reportagem do ((o))eco mostra que o IBAMA e a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) vem fechando o cerco contra empresas que sustentam a logística do garimpo ilegal. Na semana anterior ao Carnaval, quatro empresas acusadas de comercializar irregularmente combustível aeronáutico foram multadas em R$ 12,6 milhões. As aeronaves eram utilizadas para o apoio logístico ao garimpo dentro da área Yanomami.

A operação faz parte do conjunto de esforços do governo federal para retirar os garimpeiros da área indígena. Segundo dados da ANP, Roraima foi o oitavo estado maior consumidor de combustível de aviação no ano de 2020. Vale observar que, enquanto o estado amazônico registrou um aumento de 89% no consumo de combustível aeronáutico entre 2019 e 2020, o país teve uma queda de 10% no mesmo período.

O fortalecimento das comunidades indígenas em todos os biomas, preocupação do atual governo como registrou o site Mongabay, acaba de ganhar mais um respaldo da ciência. Um estudo feito com foco em populações indígenas que vivem na Mata Atlântica mostrou como essas comunidades têm um papel central no equilíbrio ambiental. Principalmente, quando eles vivem em territórios demarcados.

Ao realizar a pesquisa, Rayna Benzeev, pós-doutoranda da Universidade da Califórnia em Berkeley, e coautores avaliaram 129 territórios indígenas na Mata Atlântica e encontraram menos desmatamento e maior reflorestamento em terras onde estes Povos Indígenas têm direitos formais de posse, em contraste marcante com os territórios onde as comunidades carecem de direitos ou estão ainda vivendo um processo de obtenção da posse formal. “Nosso artigo mostra que a cada ano após a formalização da posse houve um aumento de 0,77% na cobertura florestal, em comparação com as terras não ocupadas, em média – o que pode se acumular ao longo de décadas”, afirmou Benzeev à reportagem da Página 22.


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