Durante o governo Bolsonaro, Brasil virou pária ambiental
Desde 2014, a questão ambiental virou tema das agendas do Fórum Econômico Mundial, realizado todos os anos nos alpes suíços, na cênica cidade de Davos. Também por isso, nos últimos anos, sob o governo do ex-presidente Bolsonaro, o Brasil passou a ser visto como uma espécie de pária ambiental, algo bem distinto da imagem que a diplomacia e os políticos brasileiros sempre tiveram em quase duas décadas em grandes eventos internacionais. Afinal, o Brasil sediou, por exemplo, a Rio 92 e, depois, em 2006, já sob a batuta de Marina Silva, a COP da Biodiversidade na cidade de Curitiba. O Itamaraty sempre foi protagonista nos debates climáticos.
Ver a própria Marina Silva, como Ministra do Meio Ambiente, circulando pelos corredores do Fórum, em Davos, já é uma sinalização importante. Algo que fica ainda mais nítido quando discursa. Segundo a Folha, a ministra enfatizou temas como sustentabilidade social e “desmatamento zero” na sua agenda da segunda-feira (16).
De acordo com o portal g1, nesta terça-feira (17), Marina, em uma outra mesa redonda, cobrou os países ricos por mais ação. O Acordo de Paris, por exemplo, criou uma espécie de fundo, onde US$ 100 bilhões por ano, a partir de 2020, deveriam ser aportados. Mas, até agora, mais de dois anos depois, os avanços são pífios. “Nós temos que ter aporte de recursos para ações de mitigação, como também de adaptação”, afirmou Marina.
A ministra também não deixou de falar da realidade brasileira, chamando a atenção para os retrocessos registrados durante o governo anterior. Em entrevista ao portal Swissinfo, antes de chegar à Europa, Marina deixou clara qual a mensagem estava levando para Davos.
“A mensagem é [a] de que o Brasil volta ao protagonismo, sustentado pelo fortalecimento da democracia, combate à desigualdade e sustentabilidade. Obviamente que a tradução disso em termos efetivos é o grande desafio que está sendo colocado ao governo, com a clareza de que isso não é uma ação exclusiva do governo. Vai depender da capacidade de criar políticas públicas. Mas em forte parceria com diferentes segmentos da sociedade, como empresários e movimentos sociais”, afirmou.
Também durante o Fórum Econômico Mundial – que este ano, segundo a organização, conta com a participação de 52 chefes de Estado, além de centenas de empresários e representantes da sociedade civil organizada – Marina Silva falou sobre a proposta do governo Lula para o meio ambiente.
“Lula transformou a política ambiental em uma política transversal. Ela estará presente nas políticas de energia, de transporte, de agricultura e indústria. É assim que vamos fazer a diferença. Não conseguiremos lidar com a crise ambiental se não tivermos ações transversais”, disse Marina, como informou o Valor. A representante brasileira também ressaltou que não é preciso desmatar mais para produzir e que está trabalhando para a regulação do mercado de carbono em nível nacional. Queremos que ele [mercado de carbono] seja complementar aos nossos esforços para reduzir as emissões. Ele não pode ser uma saída para que produtores de combustíveis fósseis o utilizem para não terem que reduzir suas próprias emissões”, afirmou.
Marina, que no evento desta terça-feira, exclusivo sobre o Brasil, esteve ao lado do também do ministro Fernando Haddad (Fazenda), ainda expressou sua vontade de avançar na demarcação de Terras Indígenas, como registrou o portal Metrópoles.
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