Cálculo feito por cientistas mostra que reeleição de Bolsonaro pode levar o desmatamento aos índices destrutivos dos anos 1980

Caso vença as eleições no próximo domingo e mantenha o estímulo ao desmatamento da Amazônia, Bolsonaro poderá piorar ainda mais, e de forma trágica, a sua já trágica história ambiental. Estimativas dos especialistas no tema, segundo a Folha, é que a devastação florestal possa romper a barreira dos 20 mil quilômetros quadrados já no ano que vem. Algo que não é visto desde 2005. Não se trata de uma previsão, mas de uma indicação científica de tendências.

O panorama para mais quatros anos do atual governo é ainda mais sombrio. Segundo cálculos feitos por Gilberto Câmara, ex-diretor do INPE, e outros especialistas, a tendência, se tudo o que ocorreu no primeiro governo for repetido para frente, é que os índices de desmatamento poderão atingir, no fim do segundo mandato, os piores números de toda a série histórica de monitoramento, que começou em 1988.

Pela modelagem dos pesquisadores, em um cenário mais drástico, a taxa em 2026 poderá passar dos 27 mil quilômetros quadrados, uma área equivalente à área do estado de Alagoas. “Todo o enorme esforço realizado pelo Brasil em proteger a floresta feito entre 2004 e 2014 terá sido anulado”, analisa Câmara em entrevista à jornalista Giovana Girardi.

Dos laboratórios para o chão da floresta, fica claro que qualquer que seja o novo governo, ele terá que enfrentar um debate necessário com os moradores das áreas da fronteira agrícola, que compreende o sul do Amazonas, o leste do Acre e o nordeste de Rondônia. Parte da população, apesar de todas as irregularidades feitas durante a gestão Tarcísio de Freitas no Ministério da Infraestrutura em relação a BR-319, como mostra o InfoAmazonia, é a favor de transformar a região em uma zona de lavoura e pecuária, mesmo que isso possa impactar o meio ambiente. Discurso que também é propagado aos quatros cantos por madeireiros que desmatam, pecuaristas e donos de garimpo ilegal.

Todo esse debate também atinge os vários governos estaduais da região. Tanto que, como informa o colunista Lauro Jardim em O Globo, os governadores estão tentando se descolar do governo nacional em relação ao tema ambiental. Isso porque, a maioria deles acredita que a bioeconomia é um caminho seguro, inclusive, em relação à imagem internacional que a região precisa ter. 

Os governadores, por exemplo, apesar de nem todos serem tão distantes assim da postura ambiental defendida por Bolsonaro, vão criar uma estrutura própria na próxima COP do Clima, no Egito, em novembro. Eles se recusaram a fazer parte do pavilhão que está sendo montado pelo governo federal. Os governadores querem mostrar a floresta, algo que Bolsonaro e companhia, como ressalta Jardim, querem esquecer.

O olhar estrangeiro do jornalista Michael Pooler no Financial Times é interessante para ressaltar como existem nuances no dia a dia das cidades amazônicas que explicam a divergência de opiniões que costumam surgir em relação ao tema do desenvolvimento sustentável. Sem muitas opções de desenvolvimento, micro e pequenos empresários da região de Humaitá, como mostra a reportagem, acabam partindo para projetos que, claramente, estão destruindo o meio ambiente, o que terá consequência nos médio e longo prazos.


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