Batalhas a favor das pautas ambientais devem continuar acirradas no Congresso e em estados da Amazônia legal

Enquanto no Executivo federal a decisão se Jair Bolsonaro (PL) fica mais quatro anos no poder foi adiada para o dia 30 de outubro – o atual presidente, que desmontou a política ambiental nacional nos últimos quatro anos, ficou em segundo lugar no primeiro turno, atrás do ex-presidente Lula. No legislativo federal e na maioria dos estados da chamada Amazônia Legal a situação já está definida e, em uma leitura inicial e abrangente, é possível afirmar que a pressão contra o meio ambiente permanecerá, na melhor das hipóteses, sob tensão. A situação deve mudar pouco em relação ao que ocorreu durante o atual mandato parlamentar que se encerra em dezembro.

No caso do Congresso Federal, um dos pontos positivos a favor da Amazônia e do meio ambiente foi a votação recorde recebida pela ex-ministra e ex-senadora Marina Silva que, quanto esteve à frente da pasta do meio ambiente, durante o governo Lula, conseguiu reverter os altos índices de desmatamento registrados na época. A eleição de Marina para a Câmara pelo estado de São Paulo ocorreu mesmo após ela ser bombardeada nas redes sociais por ter declarado apoio ao candidato do PT. Como ela diz nessa entrevista publicada um dia antes da eleição pelo InfoAmazonia, as fake news socioambientais voltaram a ter um peso grande nessa eleição.

Do lado negativo, também entre os eleitos com uma quantidade elevada de votos, está o ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, Ricardo Salles. Ele, agora, terá todas as condições de continuar passando a boiada lá na praça dos Três Poderes. O candidato entrou na Câmara com o triplo de votos da ex-senadora Marina Silva.

O agora ex-deputado Rodrigo Agostinho (PSB), coordenador da Frente Ambientalista da Câmara, também entra na lista das notícias ruins para a causa ambiental. Ele não conseguiu se reeleger como registra o JCNet, veículo do interior de São Paulo, base eleitoral de Agostinho.

Se os eleitores de São Paulo não reelegeram o candidato do PSB, ele colocaram em Brasília, pela primeira vez na história do estado, uma mulher indígena entre os parlamentares que estarão em Brasília na próxima legislatura, como registrou o JCNet.

No Senado Federal, as mudanças também devem deixar as pautas ambientais na berlinda. No total, 27 senadores foram eleitos, o que representa um terço da Casa. O atual partido do presidente, o PL, é o partido que mais cresceu e, a partir de janeiro, terá um total de 13 senadores. Entre eles, o ex-ministro da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes, eleito por São Paulo. O coordenador da bancada ambientalista na casa, o senador Fabiano Contarato (PT-ES) está no meio do seu mandato e, portanto, continua.

De Brasília para os estados da Amazônia Legal, a situação também permanece crítica para a questão ambiental. Dos 10 estados da chamada Amazônia Legal, apenas em dois a situação não foi definida no primeiro turno. No Amazonas, Wilson Lima (União), candidato do presidente Bolsonaro no estado, ficou com 43% dos votos e fará o segundo turno contra Eduardo Braga (MDB), que recebeu 21% dos votos. Em Roraima, Coronel Marcos Rocha (União Brasil) e Marcos Rogerio (PL) vão decidir a eleição no segundo turno. Ambos adotam a tese de que o agronegócio é mais prioritário do que a preservação da Amazônia. Nos dez estados da região da Amazônia Legal em que a eleição para o cargo de governador está definida, apenas no Maranhão, onde venceu Carlos Brandão, do PSB, não existe um alinhamento direto com o discurso ambiental do governo Bolsonaro.


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