Queimadas explodem na Amazônia e confirmam tendência prevista para este ano eleitoral
As queimadas, segundo os registros feitos pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), voltaram a explodir na Amazônia neste mês. Na segunda-feira (22/8), como registra o colunista do UOL Carlos Madeiro, foi registrado um recorde em focos de calor em apenas 24 horas: 3.358.
“Estamos chegando perto da metade da estação de fogo na Amazônia e já estamos registrando mais de 3.000 focos em um só dia. Esse número é maior do que o número registrado no “Dia do Fogo”, indicando que as previsões sobre aumento do fogo em anos de eleição começam a se concretizar”, disse, ao UOL, a geógrafa Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do MapBiomas Fogo.
As 24 horas trágicas citadas por Ane ocorreram entre 10 e 11 de agosto de 2019, no Pará. De forma sincronizada, desmatadores orquestram várias queimadas às margens da BR-163, com foco no município de Novo Progresso. Segundo Ane, pelos registros disponíveis, os focos de calor registrados nesta segunda-feira – mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro defendeu sua política ambiental no Jornal Nacional – representam o pior dia dentro do mês de agosto desde pelo menos o ano de 2017.
Basta circular pela Amazônia para que os números e as estatísticas se materializem na vida real. Como mostrou o InfoAmazonia, uma das florestas consumidas pelo fogo nos últimos dias está em Rondônia, na Terra Indígena Karipuna. O relato do repórter Fábio Bispo mostra que a ausência de governo, desde a fiscalização até o combate ao fogo, potencializa o problema.
“Segundo os indígenas, o incêndio começou na terça-feira (16/8), o que também foi confirmado pelos sistemas que monitoram focos de calor na Amazônia. Desde então, o fogo se alastra pela floresta às margens do rio Formoso e em diversos pontos da Terra Indígena. Até o momento, não há presença de qualquer órgão para conter o fogo e deter o avanço das chamas denunciadas pelos Karipuna como uma ação criminosa”, escreve Bispo.
“Nós fomos ao local, vimos a fumaça subindo na floresta e encontramos novas derrubadas e picadas abertas pelos invasores. Não está acontecendo só em um ponto do território, mas em várias regiões da Terra Indígena”, relatou o líder indígena Adriano Karipuna.
Diante dos sistemas que existem hoje para monitorar as áreas destruídas pelas queimadas, e também os focos de calor, seria possível efetivar um programa bem estruturado de combate às queimadas ilegais, avaliam os especialistas no tema. No caso da Amazônia, onde a floresta não queima por processos naturais, diferentemente do que ocorre em outros países, um combate eficiente e multitarefa seria a melhor solução.
Se houvesse um programa estruturado de combate ao fogo, a região de Manicoré, como mostra o Amazônia Real, talvez não enfrentasse o que está passando. Desde a semana passada, um grande incêndio atinge uma vasta área da região. Mais de 1.800 hectares de floresta localizada às margens do rio Manicoré, afluente do rio Madeira, no Sul do Amazonas, está sucumbindo às chamas.
“Os fazendeiros, os grileiros, tocaram fogo na última terça-feira (16/8) e até agora não parou. O fogo está seguindo para a margem virgem. O estrago está sendo feito”, relatou à agência Amazônia Real. no último sábado (20/8). Maria Cleia Delgado, presidente da Central das Associações Agroextrativistas do Rio Manicoré (CAARIM). Segundo a liderança local, pedidos de ajuda foram feitos às autoridades do governo do Amazonas, mas até aquele dia, as ações de combate ao incêndio não tinham sido realizadas.
O resultado das queimadas em alta na Amazônia também chegou aos céus de Manaus na sexta-feira (19/8). Os moradores da capital amazonense, nesta quarta-feira (24), como registra o InfoAmazonia, ainda sentiam os efeitos deletérios da fumaça, como crises respiratórias, dificuldades nas navegações e mau cheiro nas roupas. Os dias apresentam um cinza bem diferente dos dias ensolarados que antecederam o reflexo das chamas na floresta.
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