Na Amazônia, 18 árvores foram derrubadas por segundo durante 2021, e quase 70% da destruição ocorreu em áreas sem nenhuma fiscalização
Relatório divulgado hoje (18/7) pelo MapBiomas mostra que o desmatamento cresceu 20,1% no Brasil em 2021, atingindo 16,5 mil km² em todos os biomas. Nos últimos três anos, o Brasil perdeu uma área de vegetação natural equivalente à do Rio de Janeiro. O problema é crônico e continua se agravando em todos os biomas do país, afirmou ao Estadão o coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo.
Quando o foco recai sobre a Amazônia, a situação permanece igualmente dramática. O ritmo da destruição impressiona. Como registra a Folha, A cada minuto, 1,9 hectare de vegetação foi derrubado, o que equivale a cerca de 18 árvores por segundo.
Uma das inovações da edição divulgada ontem do Relatório Anual de Desmatamento no Brasil do MapBiomas é a identificação dos principais vetores de desmatamento, o que pode ser feito a partir das análises das imagens de satélite. Entre 2019 e 2021, a atividade agropecuária respondeu por 97,8% da área desmatada no país. A área restante foi derrubada pelo garimpo, pela mineração e pela expansão urbana, entre outros fatores.
Por volta de 77% das áreas desmatadas no país em 2021 se sobrepõe a imóveis rurais registrados no CAR. Isto significa que pelo menos três quartos do desmatamento ocorrem em locais onde se conhece o dono da propriedade.
Somando as ações das esferas federal e estadual com as ações do Ministério Público, o MapBiomas observou que apenas 27,1% das áreas destruídas foram alvo de algum tipo de embargo ou autuação. E isto é resultado, principalmente, do aumento da fiscalização do poder Judiciário e dos estados. As ações federais cobrem só 10,5% da área sob alerta.
Em termos geográficos, como destacou o Metrópoles, o bioma amazônico é o que mais foi destruído, ao concentrar 59% das áreas desmatadas. Na sequência vem o Cerrado, com cerca de 500 mil hectares desmatados em 2021 ou 30,2% do desmatamento no Brasil. Logo depois seguem a Caatinga (7%), a Mata Atlântica (1,8%), o Pantanal (1,7%) e o Pampa (0,1%).
Ao se fazer o recorte por estados, como mostra a reportagem do portal g1, a triste realidade amazônica também emerge. O Pará foi o estado que mais desmatou em 2021. O Amazonas aparece em segundo lugar, o Mato Grosso em terceiro, seguido do Maranhão e da Bahia. Estes cinco estados, juntos, responderam por 55% do desmatamento no Brasil em 2021.
“O Amazonas sempre foi um estado bem conservado, mas chegou a ser o 1º em desmatamento em alguns meses deste ano”, afirmou Azevedo à repórter Ana Carolina Amaral, da Folha. Vários fenômenos estão contribuindo para isso, como o projeto de pavimentação da BR-319, o garimpo ilegal e a invasão de Terras Públicas.
Outro dado que o relatório anual do MapBiomas reforça, independentemente do estado em questão, é sobre como a destruição está sendo feita por um grupo relativamente pequeno de pessoas: todo o desmatamento registrado em propriedades privadas ocorreu em apenas 0,9% destas. “O desmatamento no Brasil é um fenômeno feito por poucos em detrimento de muitos”, afirmou Azevedo.
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