Preservar a biodiversidade pressupõe um plano sistêmico
O relatório mais recente da Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), órgão independente criado pelos Estados para desenvolver ações pró-preservação dos ecossistemas, deixa evidente como a superexploração de espécies selvagens, sejam elas terrestres ou aquáticas, animais ou vegetais, algas ou fungos, ameaça o bem-estar de bilhões de seres humanos ao redor do globo. Como mostra a reportagem da Folha de S.Paulo, a manutenção da biodiversidade é importante sob vários aspectos, como, por exemplo, para manter fontes de alimentação humanas e matérias-primas para o desenvolvimento de fármacos.
Um caso específico envolvendo o atum japonês, registrado pelo portal Um Só Planeta, deixa claro como o aquecimento global – e também a pesca excessiva – está tirando o sono dos pescadores da região de Kochi.
São inúmeras as pressões contra a biodiversidade e as florestas no mundo hoje. O aquecimento global é apenas uma delas. Por isso, atitudes como a de servidores do ICMBio, dando visibilidade às espécies ameaçadas de extinção, são importantes. Segundo o portal ((o))eco, a página criada pelos servidores públicos sobre o tema já conta com as fichas de 1.807 espécies, de um total de 13.295 já avaliadas com o apoio da comunidade científica. Com os dados tornados públicos, a avaliação do risco de extinção dos seres vivos fica mais fácil.
Todo esse esforço em favor da preservação da biodiversidade planetária, bem como as ações contra o desmatamento na Amazônia e nos outros biomas brasileiros, estão dentro desse contexto e precisam ganhar cada vez mais peso e visibilidade.
A ampla discussão sobre ESG (sigla relacionada com as preocupações ambientais, sociais e de governança do mundo corporativo) e sobre a consolidação dos mercados de crédito de carbono nacionais e internacionais devem ser consideradas em perspectiva. A compra e a venda dos direitos de emissões é apenas uma ferramenta. Não será esse mercado que resolverá a urgência climática que a humanidade vive. Tudo deve fazer parte de um plano maior e mais sistêmico, como discute essa reportagem do Estadão.
Em termos de soluções ambientais e de proteção da biodiversidade, a união entre conhecimento tradicional, preservação ambiental, pesquisas acadêmicas e impacto social positivo, com geração de renda para as populações, torna-se de extrema relevância. Reportagem do portal ECOA mostra um exemplo, no interior do Alagoas, no qual essas frentes estão sendo conduzidas conjuntamente.
De acordo com o Valor, algo semelhante também está em gestação na Caatinga, bioma brasileiro amplamente impactado por ações antrópicas e pelas mudanças climáticas globais. Daniela Chiaretti mostra o exemplo da primeira cooperativa de créditos de carbono do Brasil. Por meio desse instrumento, pequenos proprietários que produzem na própria Caatinga e ajudam a preservar o bioma poderão entrar, de forma conjunta, no mercado de venda de direito de emitir, algo que eles não conseguiriam de forma individual. A associação, informa o Valor, tem produtores com áreas preservadas de Caatinga na Bahia, em Pernambuco, em Alagoas e em Sergipe. O esforço começou há um ano, e a criação da associação aconteceu no começo de julho, em reunião com 70 representantes de proprietários, cientistas e ambientalistas.
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