Jornalista Daniela Chiaretti analisa no Valor o decreto sobre Mercado de Carbono publicado pelo governo federal

O texto publicado pelo governo federal que pretende estabelecer o mercado brasileiro de redução de emissões de gases-estufa decepcionou. Na visão da jornalista Daniela Chiaretti, o decreto de quinta-feira (19) à noite saiu “vago, sem setores definidos e com prazos elásticos.”

O professor de economia Ronaldo Seroa da Motta, ligado à Universidade Estadual do Rio de Janeiro e um dos maiores especialistas nacionais no tema, avalia que dificilmente o decreto impulsionará o mercado de carbono regulado no Brasil. “É um pedaço de papel impresso. Na minha impressão, não será nada com efetividade no fomento de uma economia de baixo carbono”, afirmou o especialista ao Valor.

Havia uma minuta circulando na semana passada que citava nove setores específicos que poderiam se beneficiar dos créditos de carbono: energia, transporte, indústria de transformação e bens de consumo duráveis, química, papel e celulose, mineração, construção civil, saúde e agropecuária. Mas estes setores desapareceram do texto final.

Outras fontes ouvidas pelo jornal sob anonimato também reclamaram da forma como o assunto foi tratado. Existe um PL em tramitação no Congresso, de autoria do deputado Marcelo Ramos, muito bem aceito por segmentos da sociedade por ter sido discutido por vários setores da economia. Mas o fato de o governo ter editado o seu próprio texto, sem discussão alguma, gerou apenas discórdias. Empresários e fontes do agronegócio usaram termos como “goela abaixo” ou “do nada a lugar nenhum” para repercutir o decreto do governo federal.


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