Na Amazônia, o ritmo da destruição é mais acelerado do que o avanço do conhecimento científico

São duas pequenas espécies de peixes amazônicos. A Poecilocharax callipterus tem 3 cm de comprimento. Já a Poecilocharax rhizophilus exibe apenas 2 cm. Elas acabam de ser descritas por membros da comunidade científica, como mostra a Folha. Mas, tudo indica, já estão quase desaparecendo da face da terra.

Os peixes foram encontrados pelo cientista brasileiro Willian Ohara, da Universidade Federal de Rondônia, no rio Juma, um afluente do Madeira, no estado do Amazonas. A descoberta ocorreu nos municípios de Apuí e Novo Aripuanã, áreas onde a pressão ambiental, devido às queimadas e à pecuária, é cada vez maior.

Por causa do ambiente onde as espécies agora descritas foram coletadas, Ohara e colegas acreditam que ainda existe muito a ser descoberto. O problema é saber se isso ainda será possível.

“O sul do Amazonas, norte de Mato Grosso e Rondônia sempre fizeram parte do chamado arco do desmatamento, mas essa região do Apuí, infelizmente, nos últimos anos viu crescer o desmatamento principalmente pela especulação [de terra] e por causa do escoamento da carne de boi”, disse Ohara à repórter Ana Botallo.

Provavelmente por causa disso, na segunda expedição que o grupo fez à região, em 2016, um ano depois das coletas, as espécies novas não foram encontradas em outros pontos do rio, a não ser onde tinham sido localizadas inicialmente.


Este conteúdo pode ser republicado livremente em versão online ou impressa. Por favor, mencione a origem do material. Alertamos, no entanto, que muitas das matérias por nós comentadas têm republicação restrita.

Aqui você encontra notícias e informações sobre estudos e pesquisas relacionados à questão do desmatamento. O conteúdo é produzido pela equipe do Instituto ClimaInfo especialmente para o PlenaMata.

Se você gostou dessa nota, clique aqui e assine a Newsletter PlenaMata para receber o boletim completo diário em seu e-mail.