Comunidades estão sendo coagidas a não testemunhar sobre crimes, segundo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena
Diante de uma investigação mais apurada por parte da Polícia Federal, as informações sobre o paradeiro da comunidade indígena de Aracaça, em Roraima, continuam desencontradas. As próprias lideranças indígenas, à distância, não conseguem saber, com certeza, o que ocorreu.
Conforme relata à Folha o líder indígena Júnior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana, pelo menos parte dos membros da aldeia devem ter sido cooptados pelos garimpeiros. Essas informações são baseadas em vídeos e em relatos de parentes de confiança, explica Hekurari. “Estão na mão do garimpo. Eles estão coagidos, os garimpeiros entraram na cabeça deles.”
A informação anterior passada pelas lideranças Yanomami, de que a comunidade havia queimado suas casas e se mudado para outras aldeias também não está mais sendo confirmada. Segundo Hekurari, é remota a possibilidade de que os Yanomamis se mudaram para outro lugar ou que tenham transferido toda a comunidade para outra região. “Eu sou Yanomami. Eles não fizeram preparo para ir para outro lugar.”
A atual crise começou no final de abril, quando os líderes indígenas da região denunciaram o estupro e a morte de uma menina de 12 anos e o desaparecimento de uma criança de 3 anos. Os autores do crime teriam sido garimpeiros que invadiram a comunidade de Aracaça. A Polícia Federal, que investigou o caso, afirmou que não encontrou indícios do crime. Para os indígenas, os garimpeiros estão ameaçando os parentes que derem informações sobre o caso.
Em tempo: Nesta terça-feira (10/5), a Câmara dos Deputados instalou uma comissão externa para acompanhar as denúncias de violações de Direitos Humanos contra os indígenas na Terra Yanomami, informa o g1. O grupo com 13 integrantes será coordenado pela deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), a única parlamentar indígena no Congresso.
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