Obra que pretende ligar o Acre ao Peru representa ameaça à biodiversidade e aos Povos Indígenas, mostra estudo
A conexão entre o sudoeste do Acre e a cidade peruana de Ucayali por via rodoviária tem um trajeto, ainda em projeto, polêmico. Além de rasgar o Parque Nacional da Serra do Divisor, a futura obra vai interferir em áreas com centenas de indígenas. Estudo que acaba de ser publicado na revista Environmental Conservation detalha as ameaças à biodiversidade e às comunidades tradicionais que vivem no provável trajeto da rodovia.
“O benefício econômico que o governo [federal] justifica para a construção dessa rodovia é questionável, já que existe a Rota Interoceânica Sul (IOS) no leste do Acre, que liga Rio Branco aos portos do Pacífico no Peru desde o final de 2000. A construção dessa nova via pode trazer uma especulação imobiliária a região, criar polos de caça ilegal aos animais, aumentar a vulnerabilidade social da população locais e facilitar o tráfico de drogas na Amazônia”, comenta Sonaira Silva, professora da Universidade Federal do Acre e uma das autoras da pesquisa, assinada também por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e da University of Richmond (Estados Unidos).
Os dados de satélite mostram como o Parque Nacional da Serra do Divisor, rico em biodiversidade do bioma amazônico, tem sido importante para a fauna e a flora locais. Entre 1988 e 2018, a Unidade de Conservação perdeu apenas 1% da cobertura florestal contra 10% do entorno, como mostra o site Um Só Planeta a partir de texto da Agência Bori.
Além da construção da estrada, existe um projeto de lei no Congresso que visa alterar o status do Parque da Serra do Divisor de Unidade de Conservação (UC) para Área de Proteção Ambiental (APA), onde, portanto, seria permitido fazer a extração de recursos naturais – mais uma medida que pode pôr em risco a biodiversidade da região e a qualidade de vida dos Povos Indígenas.
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