Na Amazônia colombiana, seca crônica faz desaparecer rio fundamental para a subsistência de milhões de pessoas
O povo Ticuna, que vive na região da Amazônia em território colombiano próximo da divisa com o Brasil e o Peru, está sendo testemunha dos trágicos impactos da nova realidade climática global. O rio da região, que antes serpenteava a selva servindo como fonte de alimentos e via de transporte mesmo durante as estiagens, tem deixado de cumprir essa função nos últimos cinco anos.
Os impactos dessa mudança estão em reportagem publicada pela BBC Brasil. Como descreve Orlando Rufino, um dos ticuna moradores da região, nos últimos anos é possível andar sobre a areia seca do leito do rio. Desta forma, os barcos de madeiras que antes serviam para a pesca e para levar as crianças para a escola estão parados, encalhados. Antes, mesmo durante a seca, a lâmina da água era mais do que suficiente, chegava na altura de um homem adulto, garante o habitante da região.
Segundo Rodrigo Botero, diretor da ONG colombiana Fundação para a Conservação e Desenvolvimento Sustentável, o aumento da frequência das secas está diretamente ligado às mudanças climáticas globais. O especialista vem documentando a destruição da região nos últimos anos, impulsionada por eventos antrópicos. Segundo Botero, entre o desmatamento e estas secas imensas, as comunidades locais enfrentam novos problemas todos os dias. Ir ao colégio, para os moradores de San Pedro de los Lagos, virou uma rotina árdua. A meia hora de barco teve que ser trocada por uma caminhada de duas horas pelo meio da floresta. Alguns alunos precisam acordar às 3h30 para chegar na aula nas primeiras horas da manhã. Levar os produtos para serem vendidos em outras regiões também virou algo praticamente impossível durante o auge da seca. Mesmo quando os produtores conseguem colher ou pescar algo a distribuição fica impraticável.
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