Estudo feito para o Cerrado mostra que benefícios econômicos dados aos produtores nem sempre são a melhor saída

Apenas pagar aos produtores de soja do Cerrado para não desmatar mais o bioma Cerrado, que perdeu praticamente metade da sua área nas últimas décadas, pode ser ineficaz tanto em impacto quanto em custo, além de causar injustiças sociais. A afirmação é fruto de um estudo sobre o tema, segundo reportagem do Mongabay.

Pagar aos agricultores, segundo estimativas feitas pelo grupo de pesquisa, vai proteger, na melhor das hipóteses, 200 mil hectares de cinco anos de pressão de desmatamento causada pela soja, o que é considerado pouco. Mais de 38 milhões de hectares de terra no Brasil – não só no Cerrado – são dedicados ao cultivo de soja.

Outra questão relacionada ao pagamento por serviços ambientais, neste caso, é cultural. De acordo com as entrevistas feitas pelos pesquisadores para o estudo, pagar aos produtores vai provavelmente aumentar a desigualdade de renda que já existe no Cerrado, além de continuar privilegiando agentes já propensos a desmatar. 

Não que o pagamento deva ser descartado por completo, avaliam os autores do trabalho. Mas eles defendem que uma espécie de moratória da soja para o bioma, nos moldes da que foi feita para a Amazônia, em 2017, também deva ser estruturada. Iniciativa que não é endossada pela maioria dos produtores.


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