Ameaças no Maranhão ficaram insustentáveis em 2013, quando os indígenas resolveram criar um sistema de autogestão

A relação entre os indígenas Ka’apor, do interior do Maranhão, e a FUNAI não era das melhores no final da primeira década do século. Até que, em 2013, a comunidade Gurupiuna acabou atacada por madeireiros e a situação ficou irrevogável.

Os indígenas já desconfiavam que técnicos do órgão federal estavam envolvidos com a venda de madeira ilegal, segundo reportagem do site Mongabay. Além disso, o ataque naquele ano veio acompanhado de violência. Os homens indígenas estavam fora da comunidade quando pessoas armadas invadiram o local e espancaram mulheres e crianças.

A frustração com a FUNAI embasou a decisão que veio em seguida. Os líderes das várias comunidades da etnia optaram por acabar com o sistema de cacicado imposto pela FUNAI e partiram para o modelo tradicional de governança. Criou-se um conselho de caciques e consagrou-se o Pacto de Convivência entre os líderes das várias comunidades.

Uma das decisões posteriores, tomada de forma coletiva, envolveu retirar as comunidades do meio da Terra Indígena e instalá-las nas fronteiras do território. Os assentamentos autossustentáveis dos indígenas, na prática, passaram a funcionar como postos de defesa e vigilância ao longo da reserva de 3 mil hectares.

Em três anos de implementação da estratégia, a perda de cobertura vegetal que era de 2.700 hectares em 2018 caiu para 600 hectares. Mas os desafios, e principalmente a pressão cada vez mais carregada de violência dos invasores, continuam.


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