Área investigada na Amazônia tem 370 mil hectares registrados por mais de um proprietário
Uma investigação feita pela ONG Greenpeace reportada pelo Estadão mostra que os processos de grilagem construíram um mundo fictício na região conhecida pelo acrônimo de AMACRO (junção da sigla dos estados do Amazonas, do Acre e de Rondônia). Existem 250 polígonos de propriedades rurais que estão cadastrados de forma sobreposta no CAR. São 370 mil hectares nas mãos de mais de uma pessoa.
O cruzamento de autuações ambientais, registros em cartórios e movimentação dos grileiros focou em 32 municípios da região de fronteira dos três estados. Trata-se de um território de 545.220 quilômetros quadrados, quase o tamanho da Espanha, onde vivem 1,7 milhão de pessoas e existem 8,4 milhões de cabeças de gado.
Primeiro, o vai e vem burocrático analisado pela equipe do IBAMA mostra que desde 2015 o Ministério Público Federal solicitou, mais de uma vez, a nulidade de títulos alvos de processo na Justiça. Recentemente, segundo o estudo, a Justiça Federal determinou o cancelamento imediato de 14 fazendas dentro da chamada Gleba João Bento, por causa de irregularidades no desmembramento da área.
Mas o tempo da Justiça é totalmente diferente do ritmo dos desmatadores. Dos 295 mil hectares da gleba, 86 mil foram desmatados entre 2015 e 2021. E 62% desta destruição ocorreu durante o governo Bolsonaro.
Os registros informam que a Gleba tem uma área 27% maior do que realmente tem. O PL da Grilagem, em tramitação no Congresso, tem o potencial de passar um verniz de legalidade em todos esses registros imobiliários amazônicos feitos a partir da grilagem das terras.
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