“É preciso sair da discussão de desmatamento legal ou ilegal e entrar na discussão de evitar o desmatamento”
O cenário para o Cerrado brasileiro é cada vez mais preocupante, em termos ambientais. Quase metade da vegetação nativa já se foi. Além disso, as taxas de destruição sobre o que resta – e existem poucos fragmentos em Áreas Protegidas – continuam altas.
A pesquisadora Mercedes Bustamante, em entrevista ao Valor, foi taxativa: “É preciso sair da discussão de desmatamento legal ou ilegal e entrar na discussão de evitar o desmatamento.” Para a cientista da UnB, que é uma das maiores especialistas em Cerrado e também autora do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), esse debate “precisa decolar”, mesmo com o código florestal permitindo a supressão da vegetação em até 80% nas propriedades rurais do bioma.
A figura ilustrativa que ela costuma usar para escancarar a importância do Cerrado não pode ser mais didática. É como uma “floresta de ponta cabeça”, diz Bustamante, ao se referir ao fato de o bioma ser um grande “produtor de águas”, fundamental para o abastecimento de 8 das 12 bacias hidrográficas do país. Em resumo, destruir o Cerrado representa “fechar a torneira de água”.
Em tempo: E para quem acha que a pressão da Comunidade Europeia sobre o Brasil vai recair apenas sobre produtos ligados à Amazônia, a notícia publicada também pelo Valor mostra como o agro também tem uma grande responsabilidade sobre a proteção do Cerrado. Caso contrário, os produtos oriundos do bioma também terão dificuldades em circular pelo mercado europeu.
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