Na pasta, pouca coisa mudou após a troca de ministros, ocorrida há quase seis meses; especialistas afirmam que quem (des)manda mesmo é o Presidente
Especialistas em política ambiental ouvidos pela Folha atestam que a saída de Ricardo Salles e a entrada de Joaquim Leite na pasta de Meio Ambiente não mudou em nada as diretrizes do governo sobre o tema. Na prática, é o próprio presidente Bolsonaro que continua dando as cartas das pautas ambientais, afirmam.
“O verdadeiro ministro do Meio Ambiente é Bolsonaro”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, rede que agrega dezenas de instituições de pesquisa ambiental e da sociedade civil. Ao contrário do que pode parecer, avalia Astrini, Salles pediu para sair do governo porque virou alvo de um inquérito no Supremo, após denúncia da Polícia Federal. “O desempenho dele estava a contento de Bolsonaro”, avalia o executivo do Observatório do Clima.
Para Adriana Ramos, assessora política e de direito socioambiental do ISA, um dos grandes pontos é que não houve nenhuma mudança em termos de orientação política. “O ministério continua estando muito aquém das necessidades de um ministério do Meio Ambiente do Brasil, um ministério tacanho, com pouco protagonismo e com pouquíssimo conhecimento técnico, apesar do corpo técnico experiente”, avalia Adriana.
Em tempo: O advogado do presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, conseguiu uma decisão liminar, concedida pelo juiz Ney Bello, do Tribunal Federal Regional da 1ª Região, para liberar pelo menos parte da madeira suspeita de ter sido retirada ilegalmente de florestas públicas na Amazônia em benefício da empresa MDP Transportes. Vale ressaltar que Bello é cotado para ser indicado por Bolsonaro para o Supremo Tribunal Federal. Outras medidas judiciais de liberação de madeira apreendida já tinham sido despachadas por ele. A notícia repercutiu na Folha, no Metrópoles e na Carta Capital.
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