A despeito da imagem do presidente Bolsonaro, visto como inimigo do meio ambiente no exterior, diplomatas optam por outro caminho
A análise do jornalista Assis Moreira no Valor dá o tom: o Itamaraty planeja apresentar uma postura ofensiva nas discussões sobre meio ambiente em 2022. E, desta forma, retomar um certo protagonismo, perdido desde que o governo Bolsonaro assumiu o poder e promoveu um desmonte nas relações internacionais do Brasil, principalmente em relação ao meio ambiente.
Na visão do Ministério das Relações Internacionais, a necessidade de descarbonizar as economias estará presente de forma central nas discussões sobre comércio internacional a partir de agora. E como eles acham que o Brasil tem o que mostrar nesta área, é isso que deve ser feito.
Segundo a tese do Itamaraty, o país tem produção agrícola sustentável e os subsídios que distorcem o comércio internacional são negativos para a preservação ambiental. Existe uma linha de pensamento, que ganha força no Brasil e em outros países exportadores de commodities, segundo a qual a segurança alimentar e a sustentabilidade requerem a redução dos bilhões de dólares colocados na mesa em forma de subsídios pelos países ricos. Alguns países, como os Estados Unidos, gastam muito para produzir em regiões sem água.
Como escreve Moreira, “o Brasil planeja insistir que tem uma produção agrícola sustentável e que é muito produtivo em razão da capacidade científica e tecnológica nessa área. Insistirá também que a megaprodução agropecuária do país não está na Amazônia – onde o desmatamento tem batido recordes nos últimos anos.”
O grande empecilho diplomático, e não se discorda disso nas fileiras do Itamaraty, envolve a reversão da imagem negativa que o discurso do presidente Bolsonaro e de alguns dos seus ministros – “não existem problemas na Amazônia” – têm no cenário internacional.
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