Em debate sobre a COP, cientistas mostram que o que é decidido nas salas de negociação ainda está longe daquilo preconizado pela ciência
A frase é do físico Paulo Artaxo, integrante do IPCC: “O último relatório do IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas] mostrou a necessidade de reduzir as emissões em 45% até 2030 para limitar em 1,5oC o aumento da temperatura do globo. Com os resultados da COP26, o aumento deverá ficar entre 2,4oC e 2,7oC, em vez do 1,5oC recomendado pela ciência.”
O descompasso entre cientistas e diplomatas é apenas um dos temas que merece atenção, segundo os participantes do webinar “Caminhos para o Brasil pós-COP26”, promovido pelo Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).
Segundo a Agência FAPESP, o balanço da COP26 revela pontos altos e baixos da Conferência realizada em Glasgow.
“A finalização do Livro de Regras do Acordo de Paris foi muito importante, porque era necessário terminar esse capítulo para começar a implementação. Também destaco que nunca antes numa COP tivemos tantas declarações voluntárias: do carvão, do metano, do desmatamento. Algumas em forma de acordos bilaterais, por exemplo. O que é bom, mas, ao mesmo tempo, deixa alguns de nós preocupados com o processo multilateral”, disse Ana Toni, do Instituto Clima e Sociedade.
Mas o lado negativo também não pode ser ignorado, segundo a especialista, como o fato de os países desenvolvidos não terem disponibilizado os US$ 100 bilhões prometidos em 2015. “Um erro de política internacional, não pela quantidade de dinheiro, mas porque se uma parte não cumpre com suas obrigações – colocando o dinheiro na mesa – as outras partes se sentem legitimadas a não cumprir também.”
A participação ativa da sociedade civil também foi considerada como positiva.
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