Sete governos europeus alertaram sobre omissões para conter a pandemia e agressões sofridas pelos povos originários

Depois de exaltar, durante seu discurso de abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU, que as reservas indígenas “ocupam 110 milhões de hectares”, onde “600 mil indígenas vivem em liberdade”, Bolsonaro viu sua vitrine virar vidraça. Em uma ação incomum, o  representante do governo da Dinamarca denunciou a situação dos povos indígenas do Brasil, durante reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU. O dinamarques falou em nome de sete países europeus, entre eles Noruega, Suécia e Estônia. Foi um gesto raro, escreveu Jamil Chade no UOL, já que governos não costumam fazer ataques frontais entre si neste organismo multilateral. Além de incomum, o alerta mostra o mal-estar que outros países sentem frente às políticas de Bolsonaro para as questões ambientais e cobre os direitos dos povos indígenas.

O governo dinamarquês denunciou a situação dos povos originários, principalmente a dos Yanomami e Mundukuru, pelas agressões sofridas por garimpeiros ilegais na Amazônia. No discurso, afirmou que os governos estão alarmados com as autoridades brasileiras, que não conseguiram controlar invasões a territórios indígenas e, além disso, dão anistia a madeireiras.

O Tribunal Penal Internacional já recebeu denúncias de povos indígenas e ativistas de direitos humanos contra a administração Bolsonaro. Michelle Bachelet, alta comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, já havia mostrado preocupação, há duas semanas, acerca da situação dos indígenas brasileiros.

O país também foi acusado, no mesmo Conselho de Direitos Humanos, de não atuar – e até fazer omissões deliberadas – para proteger os povos indígenas contra a pandemia de COVID-19. Jamil Chade mencionou, ainda, que José Francisco Cali Tzay, relator da ONU sobre povos indígenas, alertou que governos (não citou quais)  teriam se aproveitado da pandemia para fazer vista grossa a invasões de terras indígenas e desmontar estruturas de proteção aos povos originários.

O Itamaraty pediu direito de resposta, afirmando que “o Brasil tomou medidas para prevenir, combater e investigar atividades ilícitas nas terras indígenas”, e relatou que  grupos indígenas foram incluídos na elaboração do plano contra a pandemia elaborado pelo governo brasileiro.


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