Aerossóis emitidos por incêndios na floresta alteram desenvolvimento natural de nuvens e chuva
Os aerossóis, partículas sólidas ou líquidas liberadas na atmosfera após, por exemplo, um incêndio na floresta, alteram o congelamento e o funcionamento natural das nuvens, assim como sua altitude típica. Isso afeta a capacidade que as nuvens têm de produzir chuva, assim como a incidência de raios solares no solo.
A descoberta está em um novo artigo da Nature. Nele os cientistas analisaram os principais mecanismos que governam a temperatura de glaciação em nuvens e que nunca foram totalmente identificados. A meta era observar a temperatura de gotas em nuvens convectivas. Para isso, analisaram dados da região amazônica de 2000 a 2014, incluindo imagens de satélite da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), dos Estados Unidos, estimativas sobre a quantidade de aerossóis provenientes de queimadas feitas pela rede Aerosol Robotic Network (AERONET), informações da NASA e do European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF).
A presença de gelo tem influência sobre a formação da chuva e sobre o tempo de duração das nuvens. “Quanto maior a duração média de nuvens, mais radiação solar é refletida de volta para o espaço, contribuindo para o resfriamento do planeta”, explica Alexandre Correia, professor do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP) e primeiro autor do artigo.Durante a estação de chuvas no sul da Amazônia, que vai de dezembro a abril, a atmosfera é limpa e as partículas são naturais e contêm pólen, microorganismos e sal marinho, entre outros. Já quando há queimadas, que costumam ocorrer entre agosto e outubro, é produzida uma quantidade enorme de fumaça, causando “uma poluição muito pior do que a da região urbana da cidade de São Paulo, por exemplo”, afirma Correia. O resumo da pesquisa foi publicado pela agência Fapesp.
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