Cem bilhões de toneladas de carbono da Amazônia são essenciais para se enfrentar a emergência climática mundial. O Brasil precisa de recursos e de parceiros
A floresta amazônica, elemento fundamental para que o mundo enfrente o desafio climático, se encontra nas proximidades de um ponto de inflexão, o que “traz implicações imensas para o clima sul-americano, a sustentabilidade e o Brasil como potência agrícola e econômica”, escrevem, na Folha, Thomas Lovejoy (George Mason University) e André Guimarães (IPAM). “A perda potencial de carbono dificultará assustadoramente o resultado sustentável de um desafio climático. Em última análise, a Amazônia constitui um desafio brasileiro, sul-americano e global”, continuam.
Os autores também ressaltam o impacto do desmatamento no regime de chuvas não apenas no Brasil, mas também em praticamente todos os países da América do Sul. Eles defendem um esforço de reflorestamento, especialmente em áreas no sudeste da Amazônia, para evitar o pior: “O que se faz necessário são mais folhas, mais árvores – enfim, mais floresta. Isso ajudaria a restaurar o ciclo hidrológico crítico e ao mesmo tempo sequestrar carbono, contribuindo assim para a meta brasileira sob o Acordo de Paris, ainda não cumprida, de restaurar 12 milhões de hectares de floresta”.
Em 2019, aconteceu uma queda de 910 mil toneladas nas produções de soja do Brasil e do Paraguai. Quase metade do volume perdido se deveu à seca crescente, e as previsões para o futuro não são otimistas. A agropecuária representa um terço da economia brasileira, e frigoríficos, exportadores e mercados do mundo todo receberiam bem uma indústria pecuária brasileira sustentável, dizem os autores. Já foi demonstrado pela EMBRAPA, por exemplo, que seria possível duplicar a produção de gado na Amazônia, com o uso de metade da terra, se a prática pecuária for aprimorada.
Cem bilhões de toneladas de carbono da Amazônia são essenciais para se enfrentar a emergência climática mundial. O Brasil precisa de recursos e de parceiros, mas precisa também recuperar seu papel de liderança na questão climática. “Isso beneficiaria a região, com crescimento econômico sustentável, e o mundo, com segurança alimentar e a mitigação da mudança climática”, dizem os autores.Em tempo: A seca é crítica neste momento no Pantanal. Ontem, para evitar a morte de mais de 200 jacarés, o IBAMA realizou uma operação de emergência em Poconé, no Mato Grosso, para mudar os animais para outros locais às margens da estrada Transpantaneira que ainda têm um pouco de água e alimento.
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