Estudos têm associado o processo de fragmentação das florestas tropicais a sua transformação em emissores de carbono por aumento de mortalidade de árvores
Cresce o número de pesquisas científicas apontando de forma mais precisa, a partir de modelagens e como o desmatamento afeta o processo de fragmentação das florestas tropicais principalmente nas áreas críticas das bordas. Os estudos têm associado o processo de fragmentação à transformação das florestas tropicais em emissores de carbono, devido ao aumento da mortalidade das árvores. Pesquisadores do Centro Helmholtz de Pesquisas Ambientais (UFZ) analisaram dados de satélite e mapas de cobertura florestal de alta resolução e descobriram que a área de borda das florestas aumentou de 27% para 31% de seu tamanho total em apenas 10 anos. Os resultados da pesquisa foram publicados na Science Advances. O fenômeno, que foi observado em todos os trópicos, mostrou-se mais proeminente na África. As simulações indicam que o desmatamento contínuo irá acelerar ainda mais a fragmentação da floresta. O estudo aponta, ainda, que 50% da área de floresta tropical estará nas bordas até o final do século, o que vai gerar um aumento das emissões em 500 milhões de toneladas de carbono ao ano.
“Essa situação se deteriorou tanto que agora quase um terço das áreas de floresta tropical do mundo estão em áreas de borda. Se o desmatamento não for interrompido, essa tendência vai continuar”, afirmou o principal autor e modelador da UFZ, Dr. Rico Fischer, ao Portal EcoDebate. “A borda, ao contrário do interior da floresta, está sujeita à luz solar direta. Fica mais exposta ao vento. A umidade também diminui nas áreas de borda. O microclima alterado prejudica principalmente as grandes árvores que dependem de um bom abastecimento de água”, explica Fischer. O resultado é lógico: mais árvores morrem nas margens das florestas.
A fragmentação das florestas tropicais tem efeitos não somente na produção de carbono, como na biodiversidade, “isso dificulta a sobrevivência a longo prazo de espécies animais como a onça-pintada, que depende de grandes áreas florestais conectadas”, diz a coautora, Dra. Franziska Taubert. Diante dessas descobertas, os cientistas alertam para a necessidade urgente de se limitar a fragmentação das florestas tropicais do mundo como forma de promover a mitigação das mudanças climáticas.
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