Cientistas preveem que, nos próximos meses, o Amazonas poderá assumir a 2ª colocação em desmatamento, ficando atrás apenas do Pará
A exploração de madeira, os desmatamentos e as queimadas podem destruir o coração da Amazônia, o bloco da floresta mais preservado até agora. Para pesquisadores, é preciso agir imediatamente para que isso não ocorra. “Pode virar uma tragédia,” diz Marco Lentini, coordenador-sênior de projetos do Imaflora, à Folha de São Paulo. Com a devastação dos últimos anos, o Amazonas superou Rondônia e se tornou o terceiro estado com maior grau de desmatamento, segundo dados do sistema PRODES, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Os cientistas preveem que, nos próximos meses, o estado do Amazonas poderá assumir a segunda colocação em desmatamento, ficando atrás apenas do estado do Pará. Dados do DETER, referentes ao período entre agosto de 2020 e julho de 2021, indicam que isso poderá de fato tornar-se realidade. “O Amazonas me assusta mais por ter uma área muito grande de terra pública que está ali, ao léu, sem governança”, diz Anne Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). “É o coração da Amazônia”, lamenta.
“Ali tem um estoque de vegetação florestal que não tem nos outros estados”, afirma Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon. “Preocupa porque está adentrando o maior remanescente florestal da Amazônia legal”, afirma ele.
A extração de madeira funciona como uma ponta de lança. Com estradas abertas, o processo de ocupação, desmatamento, queimadas e grilagem avançam. Além disso, a criação da Zona de Desenvolvimento Sustentável dos estados de Amazonas, Acre e Rondônia, projeto conhecido como AMACRO, também pode estar influenciando o desmatamento ligado ao roubo de terras.
“Entra a questão de instalação de obras de infraestrutura na região, o que sempre acaba valorizando a posse da terra. Uma hipótese é a de que os desmatadores que estão avançando nessa região já estão vislumbrando que, lá na frente, essas terras vão ter um aumento de valor”, diz Fonseca.
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