A maior planície alagável do planeta não alagou. O Pantanal, com mais de 150 mil km² em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e é um imenso reservatório de água, não tem nascentes
A maior planície alagável do planeta não alagou. O Pantanal, com mais de 150 mil km² em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e é um imenso reservatório de água, não tem nascentes. Depende de rios que vêm de outros locais e que sofrem cada vez mais com assoreamento e desmatamentos em seu entorno. Com o clima seco, o sistema de cheias do Pantanal foi afetado: elas duram menos tempo e a temperatura média está subindo. O perigo de incêndios cresce.
Segundo cientistas, o solo do Pantanal absorveu menos de 40% da umidade das chuvas de verão, que duraram menos tempo, de acordo com reportagem do Globo Rural. Dados do MapBiomas mostram que o bioma conta hoje com menos da metade do nível normal de água. Os incêndios de 2020 destruíram 3 milhões de hectares do bioma.
A fim de estimar o estrago causado pelo fogo – a maior catástrofe ambiental do Pantanal -, pesquisadores estão fazendo inventários acerca da fauna afetada. Walfrido Tomas, da Embrapa Pantanal, estima que pelo menos 17 milhões de vertebrados tenham morrido nas queimadas do ano passado. Mas esta estimativa pode ser bem menor do que a realidade, já que a carcaça de animais que se abrigam em tocas, como serpentes, roedores e tatus, podem não ter sido registradas.
Em outra linha de pesquisa, cientistas do ICMBio farão queimadas controladas e, com uma câmera multiespectral, vão mapear a cobertura vegetal antes e depois da queimada. Com análise do DNA presente no solo, poderão identificar quais animais retornam para seus habitats. Cientistas do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP) também instalam armadilhas, principalmente para aranhas formigas e besouros.
Em tempo: No noroeste do Espírito Santo, no município de Vila Valério, a pior seca dos últimos 80 anos castiga as propriedades rurais. Mas, entre elas, existe um oásis. É o sítio de Chico da Mata. Há 30 anos, ao invés de cortar árvores para vender madeira e criar lavouras – como faziam seus vizinhos – decidiu cuidar dos veios d´água a fim de preservá-los. “Começar a plantar e preservar, cercar uma nascente e cuidar dela vale a pena, porque no futuro vai ter algum resultado. Vale a pena até no bolso, porque sem água você não consegue nada”, disse ao G1. Os pés de café de seu Chico estão em flor. Os de seus vizinhos, morrendo.
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