Júnior Yanomami: no epicentro da crise

SAÚDE INDÍGENA

Presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami (Dsei-Y) fala sobre emergência ligada ao garimpo.

No início deste ano, com a operação do governo Lula para resgate de indígenas Yanomami em situação de desnutrição e perigo, o Brasil voltou a atenção para a emergência de saúde pública no território.

No epicentro da crise provocada pelo aumento do garimpo ilegal combinada com a falência na assistência em saúde na Terra Yanomami, Júnior Hekurari Yanomami estava na região de Surucucus, onde nasceu, quando falou com o PlenaMata

Enquanto aguardava pela chegada de mais profissionais da Força Nacional do SUS, ele disse que nunca viu ‘uma situação’ igual. Em fevereiro, a missão do governo federal salvou um recém-nascido com quadro grave, além de dezenas de indígenas ameaçados na região.

Durante os últimos quatro anos foram muitas mudanças, muitas mortes que a gente vivenciou. Perdemos crianças, mulheres e jovens. Muita malária, desnutrição e invasores.

Júnior atua desde os 14 anos na área da saúde indígena e afirma que a crise que afeta os Yanomami piora ano a ano. Desde 2019, é presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami (Dsei-Y) e atualmente também preside a Urihi Associação Yanomami.

Eu nasci e cresci no meu território e nunca vi uma situação igual a que estamos vivendo, principalmente a região de Surucucus e Auaris, onde está morrendo mais gente de malária, de desnutrição e de verme.

Em abril de 2022, Júnior entregou para Lula, à época ainda candidato à Presidência, o relatório “Yanomami Sob Ataque”, do Instituto Socioambiental, para alertar sobre os graves problemas que já ocorriam no território. O documento já trazia números sobre a tragédia.

Agora, com o novo governo, ele diz que é preciso ser rápido para evitar mais mortes entre os Yanomami, que perderam ao menos 570 crianças por causas evitáveis durante o governo Bolsonaro.

Em meio às novas medidas do governo atual, ele defende planejamento:Não adianta só mandar médicos para Surucucus se não temos o material para eles trabalharem. Então, a gente precisa ter tudo planejado”.

Nós precisamos também de remédios, de oxigênio, vacinas, tudo completo. Precisamos fazer todo o trabalho e, para isso, eu estou orientando

REPORTAGEM Emily Costa TEXTO E EDIÇÃO Carolina Dantas FOTOS Petricor; Rovena Rosa/Agência Brasil; Divulgação/Ministério da Saúde; Igor Evangelista/ Ministério da Saúde; Instituto Socioambiental. IDENTIDADE VISUAL Clara Borges Montagem  Luiza Toledo