Quantas Amazônias existem dentro da Amazônia?

BIOECONOMIA

Estudo esquadrinha a região em 5 zonas e defende modelos econômicos que considerem as especificidades de cada uma delas.

São

5 milhões de km²

com 9 estados socialmente e culturalmente diferentes.

Se a Amazônia Legal fosse um país, ela seria o 7º maior do mundo.

É possível criar um único modelo de economia para tudo isso?

Sabendo que os modelos econômicos precisam respeitar a diversidade da Amazônia, um estudo a dividiu por zonas: Amazônia florestal, Amazônia florestal sob pressão, Amazônia desmatada, Amazônia não florestal e Amazônia Urbana.

A Amazônia florestal é formada por municípios com apenas 5% de cobertura florestal desmatada. É onde a vegetação original está mais preservada.

No caso específico da Amazônia Florestal, os autores listam uma série de recomendações. A primeira delas é privilegiar a economia que vem da floresta.

As cadeias produtivas tradicionais, como a do açaí, das frutas tropicais e da castanha-do-pará, assim como as de peixes e produtos agroflorestais (cacau e pimenta-do-reino), devem ser priorizadas.

Já a Amazônia florestal sob pressão é uma zona que ainda possui grande cobertura florestal, mas está sob processo acelerado de desmatamento recente.

Esta zona deve direcionar esforços para o combate ao garimpo e à extração ilegal de madeira. Do lado mais econômico, os cientistas cobram a expansão dos sistemas agroflorestais e da agropecuária de baixo carbono.

Já a Amazônia desmatada corresponde aos municípios que já perderam mais de 70% da sua floresta original.

E a Amazônia não florestal é composta pelos municípios cuja cobertura vegetal original é, em sua maioria, Cerrado.

Por último, há a Amazônia Urbana: o estudo utilizou os critérios do IBGE sobre a localização dos maiores centros urbanos e de grande concentração de população residente.

Nesta zona, o cuidado precisa ser centralizado, informam os pesquisadores, em um urbanismo sustentável, além da preocupação com coleta de lixo, abastecimento de água e saneamento básico.

Para além da necessidade da criação de modelos específicos para cada um dos cinco macrossetores, os autores defendem o empoderamento dos produtores locais.

Ficaria contente em ver uma política que fortalece a ação coletiva dos produtores, seja através de cooperativas ou associações de âmbito local como entidades de maior porte, com escopo estadual e até mesmo federal.

Salo Coslovsky, professor da Universidade de Nova York (NYU).

REPORTAGEM Eduardo Geraque EDIÇÃO Carolina Dantas FOTOS Christian Braga / Greenpeace; Marcelo Camargo/Agência Brasil; Nilmar Lage / Greenpeace; Rede Xingu +; Anderson Coelho/InfoAmazonia; Atitude Açaí / via Flickr IDENTIDADE VISUAL Clara Borges Montagem  Luiza Toledo