Ameaçado por controles contra o desmatamento, governo estuda apelar para a OMC

A União Europeia preparou uma proposta de lei para certificação da origem de commodities importadas por seus países-membros. O governo Bolsonaro está acompanhando a formulação da proposta, que deve ser apresentada formalmente em novembro, avalia seu teor e analisa como poderá ter impacto nas exportações brasileiras à Europa. As commodities incluídas no projeto são carne bovina, soja, café, cacau, madeira e óleo de palma. A diplomacia brasileira também quer verificar se as regras propostas pela UE são compatíveis com as do comércio internacional, informa o Valor Econômico.

O secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Flávio Bettarello, afirmou que discordam “por acreditar que o comércio já está bem regulado pelas regras da Organização Mundial do Comércio [OMC] e que a sustentabilidade não passa por possíveis restrições ao comércio”, disse, acrescentando: “Não adianta só imposição adicional. Isso não é sustentabilidade, é barreira ao comércio”.

Vale lembrar que 63% das áreas desmatadas na Amazônia viraram pasto e lavoura, conforme matéria do Globo Rural do começo do ano.

A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) recebeu a notícia com tranquilidade. “Não tem novidade nenhuma. Eles já vinham falando isso há muito tempo”, disse o presidente da ABAG, Marcello Brito, também ao Valor Econômico. “Não vejo muito impacto [no comércio brasileiro]. O desmatamento que ocorre no Brasil, hoje, está muito mais ligado à grilagem de terra e ao patrimonialismo do que com a expansão do agronegócio.” Para ele, tanto as exportações de óleo de palma quanto de café podem ganhar competitividade com as novas regras.


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