Cacau, um fruto amazônida

BIOECONOMIA

A espécie Theobroma cacao, com árvores que podem chegar a 20 metros de altura, está na Amazônia há pelo menos 7 mil anos. Veja as versões e características de cada tipo.

Inicialmente, os cientistas achavam que o cacau tinha surgido na América Central há 3 mil anos.

No entanto, em 2013, um estudo encontrou novos vestígios na parte equatoriana da Amazônia, mostrando que a espécie está no bioma há pelo menos 7 mil anos.

No Brasil, não se sabe a data exata de chegada do fruto matéria-prima do chocolate. Sabe-se que a época de ouro do cacau foi a primeira metade do séc. XX e que a exportação do país era equivalente a 25% de toda produção mundial.

No entanto, no final dos anos 1980, a cultura foi fortemente afetada por um fungo e a produção nacional perdeu força. Uma praga chamada “Vassoura de Bruxa” se espalhou e devastou plantações inteiras.

Para retomar a produção, foi criada a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira, que trabalha para o desenvolvimento rural sustentável do cacau. Entre as estratégias, está o uso de variedades misturadas e/ou clonadas e, por isso, mais resistentes.

Atualmente, no Brasil, predominam três tipos: forasteiro, criollo e trinitário.

O forasteiro é o tipo mais encontrado na Amazônia e no mundo.

O Criollo tem frutos grandes e possui muita polpa.

Já o Trinitário é resultado do cruzamento do forasteiro e do criollo.

Atualmente, o Brasil é o sétimo maior produtor de cacau do mundo. Apesar da relativa boa posição, responde por menos de 5% do total da produção do planeta.

Diversas iniciativas de produção surgem na Amazônia. Uma delas é a Cassiporé, no município de Oiapoque, no Amapá.

João Dorismar da Paixão montou uma pequena fábrica e virou produtor de chocolate. O processo é praticamente artesanal. Em época de coleta, ele trabalha ao lado de 12 famílias de comunidades locais.

Precisamos valorizar aquelas comunidades para que eles possam ter oportunidade de renda e mostrar que é possível viver do extrativismo, dos produtos da floresta, sem derrubar nenhuma árvore.

- João Dorismar Paixão

Além do apoio às comunidades, a produção cacaueira tem sido apontada por especialistas como um fator de redução do desmatamento na Amazônia.

Nós observamos que nas propriedades que têm cacau o desmatamento é menor do que nas propriedades que não tem

- Adriano Venturieri, agrônomo e pesquisador da Embrapa

REPORTAGEM Adele Santelli TEXTO E EDIÇÃO Carolina Dantas IMAGENS Quartetto/AIPC; Nilmar Lage / Greenpeace; Valter Ziantoni e Mauro Rossi (Barro De Chão); congerdesign/Pixabay; Agência Fapesp; João Dorismar da Paixão IDENTIDADE VISUAL Clara Borges Montagem  Luiza Toledo